Interdisciplinariedade
Saudações Galeraaaa!!!!
Venho compartilhar uma experiência que tive este ano, participando do I Encontro de Educação Musical de Tatuí (Julho/2013).
O Encontro era voltado para professores da escola regular que não tem conhecimento musical. Mas por ser o primeiro encontro, houve muitas pessoas com conhecimento musical que se inscreveram. Devido a isto, houve uma adaptação dos professores quanto ao conteúdo apresentado.
Mas, o que quero relatar é sobre interdisciplinariedade. A oficina foi ministrada pelas educadoras musicais Karla C. Gambarotto e Rossely Spejo Ferreira.
Elas apresentaram dois universos, um erudito, e outro popular.
No contexto erudito foi apresentado a peça "Quadros de uma exposição - Cabana Sobre Patas de Galinha" de Mussorgsky. Esta peça é inspirada na cabana da Bruxa Baba Yaga.
BABA YAGA
Originalmente foi representada como uma entidade boa (tanto que ela é a Sábia Mulher de Fogo (dona do fogo), como é conhecida em algumas regiões da Rússia. Ela harmoniza com os outros três elementos: a Terra, seu pilão, o Ar são as patas de galinha e a Água jorra pelas patas) que ajudava os de coração puro e punia os de coração impuro ou ajudava pessoas em suas buscas, porém com o passar dos anos passou a ser retratada como uma antagonista que sequestra e come crianças.
Nas histórias, Baba Yaga vive em uma cabana cuja fechadura é uma boca cheia de dentes e que se locomove com suas patas de galinha, a fachada é feita de ossos humanos e tem um espaço especial reservado para a cabeça do herói dos heróis, existe também uma versão que diz que a cabana é invisível até que se fale "Cabana, cabana. Vire suas costas para a floresta, e a sua frente para mim"
Ainda em uma outra versão, a cabana possui três cavaleiros como guias: um que se veste de branco, montado em um cavalo branco com sela branca, representando o dia, um que se veste de vermelho que representa o Sol e um vestido de preto que representa a noite. Dentro da cabana, Baba Yaga é servida por vassalos invisíveis e, caso você seja um mortal e indagar sobre isso a ela, bem, ela irá matá-lo.
Normalmente, Baba Yaga aparece voando em um pilão, usando o socador como um leme e varrendo o rastro que deixa com uma vassoura feita de vidoeiro (uma árvore) de prata.
Existem vários contos em que Baba Yaga aparece (às vezes o autor faz apenas referência a uma bruxa que vive em uma floresta e viaja em um pilão, sem dizer exatamente o nome), ajudando ou prejudicando os envolvido.
Provavelmente o mais conhecido é "Vasilisa, a Bela", ou qualquer outro que tenha Vasilisa no meio, já que existem diversas versões desse mesmo conto.
Segue então a história de Vasilisa, a Bela (história que usamos na oficina):
Vasilisa, a Bela
Um mercador, pelo seu primeiro casamento, teve uma única filha chamada Vasilisa. Quando ela completou oito anos, sua mãe morreu e deixou de presente uma pequena boneca de madeira com instruções de, quando estivesse deprimida ou com problemas, dar um pouco de comida a boneca que ela a ajudaria.
Muito triste com a morte de sua mãe, Vasilisa foi para seu quarto com a boneca e lá deu um pouco de comida a ela. Surpreendentemente, a boneca criou vida e logo a confortou para que sua dor passasse.
Depois de um tempo, seu pai se casou com uma viúva que possuia duas filhas. Sua madrasta era muito cruel com ela mas, com a ajuda da boneca, Vasilisa conseguia fazer todos os trabalhos impostos.
Um dia, o mercador teve que sair em uma viagem e sua esposa vendeu a casa, mudando-se com as três meninas para uma cabana em um canto sombrio da floresta. Certo dia, deu a cada uma das meninas a tarefa de acender velas para iluminar o interior da cabana, todas acenderam suas velas exceto Vasilisa que estava com uma vela mágica. Imeadiatamente, a madrasta mandou que Vasilisa fosse a cabana de Baba Yaga para pegar um pouco de luz para acender a vela.
Já era tarde da noite mas, mesmo assim Vasilisa caminhou pela floresta em direção a casa de Baba Yaga com a ajuda de sua pequena boneca de madeira. Enquanto caminhava, um misterioso homem se aproximou dela poucas horas antes da alvorada, vestido de branco, com um cavalo branco que possuia uma sela branca; pouco depois, apareceu um homem muito parecido com o primeiro, tirando o fato que era todo vermelho ao invés de branco. Finalmente ela chegou em uma casa com pernas de galinha e cuja fachada era feita de ossos humanos. Um cavaleiro negro, muito parecido com os outros dois, passou por ela e então a noite chegou, ao que as órbitas vazias dos crânios brilharam. Vasilisa estava assustada demais para fugir e assim, Baba Yaga a pegou assim que voltou voando em seu pilão.
Baba Yaga lhe disse que deveria executar tarefas para ganhar o fogo, ou morrer sem ao menos tentar. Para a primeira tarefa, Vasilisa deveria limpar a cabana e seu quintal, preparar a ceia e colher ervilhas selvagens, trigo e grãos pretos. Baba Yaga saiu e Vasilisa cozinhou enquanto sua boneca colhia os grãos e limpava a casa. No alvorecer, o cavaleiro branco passou; de tarde, o vermelho e quando o cavaleiro negro passou à noite, Baba Yaga chegou e não pôde reclamar de nada, já que todas as tarefas foram feitas. Ela mandou um par de mãos desmembradas pegar os grãos e moê-los e mandou Vasilisa fazer as mesmas tarefas no dia seguinte, adicionando que ela limpasse sementes de papoula que foram misturadas com areia. Novamente a boneca fez tudo, menos a ceia, e Baba Yaga mandou três pares de mãos expremerem as sementes de papoula para extrair o óleo.
Vasilisa perguntou sobre os cavaleiros e Baba Yaga explicou que o branco trazia o dia com ele, o vermelho o sol e o preto a noite. Também perguntou algumas outras coisas mas, Baba Yaga não as respondeu preferindo guardar o segredo para si mesma. Em troca pela informação, Baba Yaga perguntou como Vasilisa conseguiu fazer tantas tarefas em tão pouco tempo e ao ouvir "Pela benção de minha mãe", ela entregou um crânio-lanterna a menina para que iluminasse sua casa, já que sabia que ao enviá-la para buscar luz, sua família ficaria sem luz para sempre. Nenhuma vela ou fogo arderia em sua casa sem que fosse a do crânio-lanterna.
Ao chegar em casa, sua madrasta e suas meias-irmãs ficaram assustadas, já que praticamente mandaram Vasilisa para a morte. A lanterna-crânio logo as queimou e as transformou em cinzas.
Para que ninguém mais se machucasse, Vasilisa enterrou a lanterna.
Enfim, após sabermos da história, ouvirmos a música, e vermos alguns vídeos (que postarei ao final) de como pessoas diferentes representavam a Baba Yaga, começamos o trabalho voltado para as demais áreas.
A principio, foi pedido para que cada um fissese uma releitura da Baba Yaga, como ela seria ára você nos dias de hoje? Onde ela iria morar? Quem ela ajudaria e quem ela comeria? Seria só pessoas impuras?
Bom, a partir daí fizemos uma lista do que trabalhar fazendo um link com as demais matérias:
- História/Geografia: Brasil X Russia (comparação as vezes é mais facil do que apresentar um de cada vez), Biomas, fauna, flora, climas;
- Literatura: leitura do texto, lenda, mitos, recriar a história;
- Artes: Confecção da Boneca de Vasilisa, Trabalhar os quadros de Viktor Hartmann, releitura dos quadros, colagens, construção dos quadros ou cabana com materiais reciclados;
- Música: Apreciação musical, apresentação da orquestra, apresentação dos instrumentos, fazer link com compossitores russos que pretende trabalhar (Prokofiev, Romeu e Julieta, Pedro e o Lobo; Korsakov, o Vôo do Besouro);
Bom, paro por aqui com a interdisciplinalidade (erudita) apresentada no curso. Não devemos seguir a risca tudo isso! Mas serve para pararmos e pensarmos no que apresentar em aula. Não só trabalharmos a música em si, as vezes apresentando um contexto geral, acabe fazendo mais sentido a todos.
A interdisciplinariedade popular ficará para o próximo post. Até mais!
Segue os vídeos da Baba Yaga:
https://www.youtube.com/watch?v=V72sVUgAgiE
https://www.youtube.com/watch?v=FoKcX63Shws
https://www.youtube.com/watch?v=XsDtb8odbmg
https://www.youtube.com/watch?v=2KdYEHsXk1k (uma releitura da Baba Yaga nos dias atuais)
Vídeos logo abaixo: