Educação Musical e Deficiência - Propostas Pedagógicas
Educação Musical e Deficiência - Propostas Pedagógica; Viviane dos Santos Louro
Quando pensamos na relação música e deficiência, quase sempre pensamos em musicoterapia. Ainda são poucas as iniciativas em prol da inclusão de alunos com deficiência nos cursos comuns de música. Os professores de música, ek sua grande maioria, não possuem conhecimento sobre questões relacionadas à deficiência e inclusão. Falta estrutura nas escolas de artes para receberem esse alunos; há escassez de metodologias musicais que abrangem de maneira mais enfática determinadas dificuldades, nem como, é pequeno o número de pesquisas científicas na temática educação musical direcionada a esse público.
Tendo em vista esta realidade, o livro citado - de cunho científico-pedagógico - foi elaborado por três profissionais envolvidos com o universo da deficiência (dois professores de música e um médico) e tem por intuito esclarecer algumas questões e fornecer informações fundamentais aos professores, dentre outros profissionais, no que tange a aprendizagem musical de pessoas com deficiência, para que essas possam incluir em suas práticas pedagógicas a diversidade de forma mais consciente e humana.
Música é para todos? Será mesmo?
Nos últimos dez anos as propostas educativas no que se refere ás pessoas com necessidades educacionais especiais avançaram de forma significativa no Brasil. Até meados da década de 50, a atenção ás pessoas com deficiência era baseada no Paradigma de Institucionalização e se caracterizava pela segregação de pessoas com deficiência em instituições residenciais ou escolas especiais em lugares distantes de suas familias.
Somente a partir da década de 60, esse paradigma começou a ser questionado, iniciando-se na maioria dos países ocidentais, um processo geral de reflexão e crítica sobre os direitos das maiorias, sobre a liberdade sexual, sobre o sistema político e seus efeitos na construção da sociedade.
Nesse contexto, dois novos conceitos integraram o debate social no que se refere à relação da sociedade com a pessoa com deficiência: a desinstitucionalização e a normalização, que se defendiam a necessidade de introduzir a pessoa com necessidades educacionais especiais na sociedade, procurando ajudá-la a adquirir condições e os padrões de vida cotidiana. Criou-se então o conceito integração, que se referia à necessidade de modificar a pessoa com deficiência de modo a torná-la o mais semelhante possível das demais pessoas, para então poder integrá-la ao convívio em sociedade. A esse modelo de atenção, chamou-se de Paradigma de Serviço. Buscava identificar o que deveria ser modificado no sujeito para torná-lo mais "normal" possível. Este Paradigma logo começou a receber críticas, pois criava a expectativa de que as pessoas com deficiência deveriam se assemelhar às pessoas sem deficiência.
Em função disso, a visão de tornar o indivíduo o mais "normal" possível, foi gradativamente substituída por um novo pensamento: a pessoa com necessidades educacionais especiais é um cidadão como outro qualquer, independente de suas limitações e, por isso, é detentor dos mesmos direitos e oportunidades.
A partir desta discussão, surge então um novo conceito (atual): Paradigma de Suporte, que se caracteriza pelo pressuposto de que a pessoa com deficiência tem direito à convivência não segregada e ao acesso imediato e contínuo desponíveis aos demais cidadãos.
Deficiência é uma condição, não um estado de saúde que se agrava ou não com uma prática educativa, seja ela qual for. A educação musical que se propõe aqui é aquela que não distingue o sujeito que se educa, mas os recursos e as formas como o conhecimento é transmitido ou o saber musical é apropriado pelo aluno.
Martins (1985) afirma que o professor precisa submeter-se ao critério da pesquisa, despojar-se dos 'eu acho' e assumir um trabalho árduo em busca do desenvolvimento do aluno.
A nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Lei nº 9394/96, afirma a necessidade de se criar currículos, métodos, técnicas e recursos educativos em todas as áreas educacionais para atender as necessidades de alunos com deficiênciaa, bem como, menciona a importância de haver professores com especialização adeuqada para a inclusão desses alunos.
Aí ficam as seguntes perguntas: Música é para todos? Há preparo para isto? Música é para reabilitar? Musicoterapia?
Recomendo a leitura!